
O deputado federal Márcio Jerry (PCdoB) tem se destacado como uma das vozes mais críticas ao governo de Carlos Brandão (PSB), especialmente ao que ele classifica como práticas de nepotismo. No entanto, documentos e informações públicas revelam que o próprio parlamentar mantinha familiares próximos ocupando cargos estratégicos no governo estadual e em outras esferas públicas.
Dois irmãos do deputado estavam nomeados em secretarias do Estado: Silas na Secretaria de Infraestrutura (SINFRA) e Samuel na Secretaria de Agricultura Familiar (SAF). Além disso, sua ex-esposa ocupava função no Porto do Itaqui, enquanto a cunhada Clícia exercia cargo de direção no Hemomar.
A presença de familiares não se limita à geração do parlamentar. A filha de Márcio Jerry atua na Assembleia Legislativa do Maranhão, e seu filho está ligado à terceirização de obras diretamente contratadas com o governo estadual.
Apesar do discurso combativo contra práticas de aparelhamento do Estado, o conjunto de vínculos familiares do deputado em funções públicas levanta questionamentos sobre a coerência de suas críticas. O afastamento recente de Samuel da SEAF ocorre em meio ao aumento da pressão política e à repercussão negativa sobre o tema.
A situação coloca em xeque a narrativa construída por Márcio Jerry. Quando adversários políticos indicam parentes para cargos, o deputado acusa favorecimento e abuso. Quando os beneficiados estão em sua própria família, o argumento frequentemente utilizado é o de “competência técnica”.
O episódio escancara uma contradição: a disparidade entre o discurso público e as práticas privadas. No caso de Márcio Jerry, o contraste é evidente – e agora amplamente exposto.